quarta-feira, 27 de abril de 2011

Trichuris trichiura

     Apesar de amplamente distribuída a tricuríase é mais prevalente em regiões de clima quente e úmido e condições sanitárias precárias, que favorecem a contaminação ambiental e a sobrevivência dos ovos do parasito.
Os T. trichiura, medem de 3 a 5 cm, são parasitos do intestino grosso de humanos e infecções leves e moderadas habitam principalmente o ceco e cólon ascendente do hospedeiro, porém nas infecções intensas ocupam também o cólon distal, reto e porção distal do ílio.
Estes vermes são considerados por muitos autores um parasito tissular, pois toda a região esofagiana do parasito penetra na camada epitelial da mucosa do hospedeiro, onde se alimenta principalmente de restos dos enterócitos lisados pela ação de enzimas proteolíticas secretadas pelas glândulas esofagianas do parasito. A porção posterior do T. trichiura permanece exposta no lúmen intestinal, facilitando a reprodução e a eliminação dos ovos que apresentam formato elíptico e poros salientes e transparentes.
Esse parasito apresenta dimorfismo sexual, reproduzem-se sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo com as fezes. O embrião presente no ovo recém eliminado se desenvolve no ambiente para se tornar infectante; o período de desenvolvimento do ovo depende das condições ambientais
Sintomatologia: dores de cabeça, dor epigástrica e no baixo abdômen, diarréia, náusea e vômitos, disenteria crônica com presença de muco e sangue, dor abdominal com tenesmo, anemia, desnutrição grave caracterizada por baixo peso e altura abaixo do nível aceitável para a idade e prolapso retal.





quinta-feira, 14 de abril de 2011

Crianças e a suscetibilidade a A. lumbricóides

Crianças e a suscetibilidade a A. lumbricóides
     As infecções pela A. lumbricóides estão associadas a fatores sociais, econômicos e culturais, tendo grande prevalência em países pobres visto que nestes os dois primeiros fatores são precários e, infectando principalmente crianças com idade entre 1 e 12 anos.
     A forma infectante são ovos contendo a larva L3 que pode ser ingerida através de água ou alimento. Além destes mecanismos a transmissão pode ocorrer pela contaminação do depósito subungueal com ovos viáveis; o contato entre crianças portadoras e crianças suscetíveis aliado ao fato de suas brincadeiras quase sempre relacionadas com o solo e o hábito de levar a mão suja à boca aumenta o índice dessa parasitose.
     Nas infecções médias e/ou maciças pode haver uma irritação na parede do intestino delgado, esses vermes podem enovelar-se levando a obstrução da luz intestinal, crianças são mais propensas a este tipo de complicação porque seu intestino é muito menor do que o de um adulto e também pela intensa carga parasitaria que pode ser decorrente de reinfecções sucessivas.
    


sábado, 12 de março de 2011

Trichomonas Vaginalis


     Habita o trato geniturinário do homem e da mulher, onde produz infecção. É um organismo anaeróbico facultativo, cresce em temperaturas entre 20°C e 40°C, em PH entre 5 e 7,5.
     A tricomonose é uma doença venérea, o microorganismo é transmitido através da relação sexual e pode sobreviver por mais de uma semana no prepúcio do homem sadio, após o coito com a mulher infectada.
     O homem é o vetor da doença, quando ejacula, os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados à vagina pelo esperma. Atualmente admiti-se que a transmissão não sexual é incomum, pois foi demonstrado que o flagelado sobrevive por períodos muito curtos em assentos de vasos sanitários, roupas, água de banho, de artigos de toalete, de instrumentos ginecológicos contaminados, etc. Isso ocorre devido à sensibilidade do tricomonadídeo a mudanças físico-químicas (por exemplo, PH, temperatura, tensão de oxigênio e força iônica).
     Apresentando alta especificidade de localização, este é capaz de produzir infecção somente no trato urogenital humano.
     Na mulher o T. Vaginalis infecta principalmente a mucosa do epitélio do trato genital, sendo que em mulheres adultas a exocérvix é suscetível ao ataque do protozoário, mas raramente os organismos são encontrados na endocérvix.
     A infecção vaginal provoca uma vaginite que se caracteriza por um corrimento vaginal fluido abundante de cor amarelo-esverdeada, bolhoso, de odor fétido, mais frequentemente nos períodos pós-menstruais.      Vulva, o perino e áreas cutâneas podem estar avermelhados e edematosos.
     No homem é comumente assintomática, apresenta uretrite com fluxo leitoso, desconforto ao urinar (ardência), pode causar complicações como: cistite, prostatite e epididimite.

 
  

sexta-feira, 4 de março de 2011

Giardia Lamblia

     A Giardia Lamblia apresenta duas formas: O trofozoíto e o cisto.

    A via normal de infecção do homem é ingestão de cistos. Após a ingestão o desencistamento é iniciado no meio ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado pelos trofozoítos.
     O trofozoíto apresenta uma estrutura semelhante a uma ventosa, que é conhecida por várias denominações: disco ventral, adesivo ou suctorial.
     No interior do trofozoíto, e localizado na sua parte frontal, são encontrados dois núcleos, este parasito ainda possui quatro pares de flagelos.
     O disco é uma importante estrutura para adesão do parasito à mucosa intestinal. A observação de proteínas contráteis no disco sugeriu a seguinte hipótese: Essas proteínas estariam envolvidas na modulação da forma e diâmetro do disco que através de movimentos de contração e relaxamento, permite a adesão e o desprendimento do torfozoíto na mucosa.
     A sintomatologia da Giardíase varia desde indivíduos assintomáticos até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de diarréia aguda e autolimitada, ou um quadro de diarréia persistente com evidência de má-absorção e perda de peso (mesmo em pacientes imunocompetentes), isso  ocorre devido adesão de varia giardias ao intestino, criando um isolamento entre os alimentos e aparelho intestinal que é responsável pela absorção de nutrientes(atapetamento).
     Indivíduos não imunes (primoinfecção) apresentam diarréia aquosa, explosiva, de odor fétido, acompanhada de gases  com distensão e dores abdominais. Essa forma aguda  dura poucos dias, apesar da infecção ser autolimitante indivíduos sadios  podem desenvolver a forma crônica com complicações associadas a má absorção de gorduras e nutrientes.
     Os trofozoítos aderidos ao epitélio intestinal podem romper e distorcer as microvilosidades do lado que o disco adesivo entra em contato com a membrana da célula (alterações morfológicas da mucosa prejudicam a absorção), também é obsevado processos inflamatórios desencadeados pelo parasito, havendo um aumento de linfócitos intra-epiteliais antes mesmo de aparecer alterações das vilosidades.
     Anticorpos e IgG, IgM e IgA anti-Giardia tem sido detectados no soro de indivíduos com giardíase. Evidências sugerem que IgA diminua a capacidade de adesão do trofozoíto à superfície do epitélio intestinal.
     A IgE se liga aos mastócitos, presentes na superfície da mucosa provocando a desgranulação dessas células e liberação de varias substancias desencadeando uma reação anafilática local que provoca edema da mucosa e contração de seus músculos lisos levando a um aumento da motilidade  do intestino.
     O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior.
 Figura monstrando um cisto e um trofozoíto.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Amebíase intestinal e extra-intestinal

     A Entamoeba histolytica é o agente etiológico da amebíase, constituindo a segunda causa de morte por parasitoses.
     No ciclo biológico (não patogênico) encontram-se uma série de estágios: cisto, metacisto, trofozoíto e pré-cisto.
Cisto -> o número de núcleos é variável, mas, em geral, de um a quatro.
Metacisto -> é uma forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde sofre divisões, dando origem aos trofozoítos.
Trofozoíto -> geralmente tem um só núcleo, encontra-se no intestino grosso, costuma imprimir movimentação direcional, parecendo estar deslizando na superfície, semelhante a uma lesma.
Pré-cisto -> é uma forma intermediária entre o trofozoíto e o cisto (nesse estágio o trofozoíto começa a diminuir seu tamanho e multiplicar seus núcleos), no citoplasma podem ser vistos corpos cromatóides, em forma de bastonetes, com pontas arredondadas.
     O ciclo biológico se inicia pela ingestão de cistos maduros, ex: junto de alimentos e água contaminados.
     Os trofozoítos em geral ficam aderidos à mucosa do intestino grosso, vivendo como um comensal (associação harmônica entre duas espécies onde uma obtém vantagens sem prejuízos para o outro), alimentando-se de detrito, bactérias e pequeno número de eritrócitos.
     Em certas situações o equilíbrio parasito-hospedeiro pode ser rompido, fatores como colesterol, passagens sucessivas em diversos hospedeiros ou reinfecções sucessivas podem aumentar a virulência do parasito.
     Quando a homeostase entre invasor e hospedeiro é quebrado se inicia o ciclo patogênico, então os trofozoítos invadem a submucosa intestinal (parece que a ameba tem certa dificuldade em penetrar na mucosa intestinal intacta, havendo forte indicação de que a ameba penetre inicialmente nas regiões intraglandulares), multiplicando-se ativamente e podendo através da circulação porta atingir órgãos como fígado, pulmão, rim, em certas circunstâncias, a pele, região anal e vaginal (períneo) e raramente atinge o cérebro. –AMEBÍASE EXTRA-INTESTINAL.
     Nesse ciclo o trofozoíto não forma cistos, são hematófagos e muito ativos.